domingo, 11 de novembro de 2012

TRINTAMENTO

Passando pela mesma praça simbólica,
Que gerou amor e dor,
Eu ainda posso ver nossos corpos, lado a lado,
E eles dizem muito sobre nossa história
Assim como o seu trágico fim

Lembre-se dos dias em que
As máquinas passavam rápidas
E nós nos entregávamos a elas
Porque tínhamos uma pessoa especial com quem se encontrar,
Uma pessoa da qual a solidão tinha medo

Amantes de animes e mangás
Em seus cosplays caros e baratos
Também simbolizaram o início de algo
Nós fomos capazes de chegar aonde chegamos
Apesar de seus pretextos para me ver não houvessem funcionado

Eu posso nunca ter contado a você
Mas eu sempre tive algo a dizer:
Eu cantava uma canção composta de soluços para a lua
Sempre que eu sentia que nosso tempo era desperdiçado
Sempre que os animes e mangás não nos ajudavam

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Pois era cruel quando você acendia-me em chamas
E eu que tinha de apagá-las depois
Até eu descobrir que você também entrava em chamas
E, desde então, passamos a incendiar juntos,
Deixando a manhã do dia seguinte apagar nossa ansiedade aos poucos

Mas o tempo passou
Não fomos capazes de evitar a tragédia que nos aguardava
Eminente e tesa

Ensanguentados sobre o chão d'uma praça,
Foi a última vez em que eu o pus em perigo
Nos entregáramos às máquinas que por ali passavam rápidas
No final, nosso ônibus sofreu um acidente,
Fazendo nossos corpos rolarem distorcidamente pelo chão

Passeando pela mesma praça simbólica,
Que gerou eu e você,
Vejo nossos corpos de relance
E eles desaparecem como se virassem fumaça
Meus olhos desesperam-se e procuram por sua imagem
Dentro da multidão de almas indiferentes que pisam neste chão
Como pisam em qualquer outro chão

Sofro um desfalecimento
E caio de joelhos no chão
Esperando que alguém termine o trabalho
Que essa praça começara um dia ■