quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mais iguais

Matem os opositores.
Ponham-nos para serem degolados pelos cachorros.
Reverenciem o rei.
Ele traz paz e progresso para esta nação.

Não questionem os porcos.
Eles sempre têm razão sobre o que estão fazendo.
Vocês não viram os mandamentos?
Segundo eles, uma vida confortável é admissível.

Mesmo que os outros animais tenham de dormir sobre palha.
Mesmo que os outros animais estejam morrendo pela nação.
Pois trabalho intelectual requer comida de qualidade.
E trabalho informal só requer um pouco de capim.

Execuções violentas.
(Mas ainda é melhor que uma economia ruim.)
Trabalho excessivo.
(Mas ainda é melhor que uma nação absolutista.)

Vocês não se lembram do que Lenin realmente disse,
Pois lhes há um lapso na memória.
E quem é mesmo esse tal de Marx?
Ele realmente existiu?

Trotsky morreu a machadadas.
(Machado da justiça.)
O lapso de memória não os deixa lembrar
Que ele queria sabotar o sistema.

E que diabos de ideia é essa de expandir a revolução mesmo?
O mundo é só nós.
Nós somos o mundo.
Então baixe a revolta, amigo, e esqueça as agruras da vida.
Porque ainda somos melhor que o absolutismo.

Tijolos

Sou filho da contradição,
Sou filho da espontaneidade,
Sou irmão da criminalidade
E, acima de tudo, sou amigo de tijolos.

Eu precisava de fugir
E eu não podia contar com meus aliados,
Já que eu não devia fazer mais cúmplices.
Não podia envolver mais pessoas indiretamente em meus atos.

Familiarizado com as ruas deste vasto mundo,
Procurei por um abrigo em terras distantes,
A fim de que eu me tornasse uma lenda para mim mesmo,
A fim de me tornar um agente duplo de minha própria mente.

Assim o fiz, buscando um lar que se situasse
Longe de meus umbrais e longe das outras civilizações.
Encontrei uma espécie de reino sob a pressão do trovejar de um céu furioso.
E, se eu bati em portas, então era realmente importante.

A caveira pôde enfim descansar.
Pôde enfim fingir estar bem
E, por fim, sentir-se realmente bem.
Embora soubesse de que suas feridas estavam fechadas por tempo determinado.

"Qual o preço de tal conforto"?
Abandono da indolência decerto.

Eu já disse que sou filho da contradição?
Se eu o disse e se você compreendeu minhas antigas rimas,
Então certamente deve estar questionando
A fidelidade lógica deste texto.

Pois bem. Quem diria que a minha mente estava tão afoita
E tão motivada a ponto de desafiar-lhe a própria natureza.
A ponto de labutar pelo avanço daquelas terras.
A ponto de estar sempre batendo em portas.

Eu estava progredindo.
"Então por que parar?"
A espontaneidade me desviou o caminho?
Eu a posso culpar por isso?

Busca por prestígio social.
Domínios e domínios de um reino situado no infinito.
Ascensão do trabalho em prol da ascensão social.
Blocos por blocos feitos de fluidos intelectuais.

No final das contas,
Aquela labuta só me tornou
Amigo dos tijolos daquele reino implacável.

domingo, 11 de novembro de 2012

TRINTAMENTO

Passando pela mesma praça simbólica,
Que gerou amor e dor,
Eu ainda posso ver nossos corpos, lado a lado,
E eles dizem muito sobre nossa história
Assim como o seu trágico fim

Lembre-se dos dias em que
As máquinas passavam rápidas
E nós nos entregávamos a elas
Porque tínhamos uma pessoa especial com quem se encontrar,
Uma pessoa da qual a solidão tinha medo

Amantes de animes e mangás
Em seus cosplays caros e baratos
Também simbolizaram o início de algo
Nós fomos capazes de chegar aonde chegamos
Apesar de seus pretextos para me ver não houvessem funcionado

Eu posso nunca ter contado a você
Mas eu sempre tive algo a dizer:
Eu cantava uma canção composta de soluços para a lua
Sempre que eu sentia que nosso tempo era desperdiçado
Sempre que os animes e mangás não nos ajudavam

31

Pois era cruel quando você acendia-me em chamas
E eu que tinha de apagá-las depois
Até eu descobrir que você também entrava em chamas
E, desde então, passamos a incendiar juntos,
Deixando a manhã do dia seguinte apagar nossa ansiedade aos poucos

Mas o tempo passou
Não fomos capazes de evitar a tragédia que nos aguardava
Eminente e tesa

Ensanguentados sobre o chão d'uma praça,
Foi a última vez em que eu o pus em perigo
Nos entregáramos às máquinas que por ali passavam rápidas
No final, nosso ônibus sofreu um acidente,
Fazendo nossos corpos rolarem distorcidamente pelo chão

Passeando pela mesma praça simbólica,
Que gerou eu e você,
Vejo nossos corpos de relance
E eles desaparecem como se virassem fumaça
Meus olhos desesperam-se e procuram por sua imagem
Dentro da multidão de almas indiferentes que pisam neste chão
Como pisam em qualquer outro chão

Sofro um desfalecimento
E caio de joelhos no chão
Esperando que alguém termine o trabalho
Que essa praça começara um dia ■

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Olhos antropofágicos

Lá me vem aquela fome obstinada novamente
Dominando-me os olhos
Preenchendo-me de vontades canibalescas
Tingem-se-me os globos oculares de vermelho

À minha frente, alvos isolados e desatentos
Mal têm conhecimento do advento da morte
Que discretamente os abate um por um
E o cheiro ferruginoso de sangue
Vai tornando-se mais evidente de instante a instante

Carnificina

Os corpos caem aos meus pés,
O sangue tinge-me as presas inconvencionais
Os protestos atrasados são abafados pelo assassínio
E agora não restam resquícios de sanidade no ar

Carne, carne, carne, carne, carne

Meus olhos não têm boca
Mas mordiscam a carne abatida
Saboreando cada mililitro de sangue
E cada milímetro de pele

E, não saciados os desejos,
As imagens dos corpos fixam-se à minha mente
Para serem usadas, mais tarde,
Em meu ritual de saciação final
E de auto-destruição parcial

Levanto-me e enxugo o sangue o qual me tinge a roupa
Lentamente

Andando por cima dos corpos,
Minha face indiferente disfarça o assassínio
E meus olhos adormecem temporariamente
Esperando o momento em que sua fúria se libertará novamente
E rasgará novos
"Filhos do carbono e do amoníaco"

domingo, 21 de outubro de 2012

†REQUIEM†

I wonder how have you been
Since our last time together
It's been a long long while
And I still can't comprehend how some things go

It's always dark in here...
Hear footsteps on the ground,
But in fact, there's no one around
I can't stand up from the floor either
Cause my "body" doesn't move
No matter how hard I try to do it
(Even don't know if it can be called a body after all)

My existence doesn't exist anymore
Or it does?

I'm stuck in the matter
But hope you aren't
Hope you can fly away to another dimension
Instead of being stuck in the earth as I am

You don't deserve having your heart covered by shadows
So I make it more clear:
Hope you aren't thinking of me,
Cause if you are, will not be allowed to "leave"
(It would be too unfair if you were in the darkness for my fault)

Now, I don't have any sense of time no more
And wonder so bad how you are
Because only if you are fine,
I'll be able to sleep in peace
FOREVER

domingo, 14 de outubro de 2012

A Tarde

Naquela tarde de segunda, aparentemente igual a todas as tardes, lá estava eu caminhando sobre as mesmas calçadas indiferentes de Nowherescity e entre os vultos humanos que se deslocavam às suas designações pré-programadas. E eu provavelmente não era uma exceção ali, embora eu estivesse alterado os horários exatos que me haviam sido programados.

No meio daquela multidão desfacelada, notei um rosto apressado que se deslocava descompassadamente com o resto da legião. Era como um humano rodeado por manequins. Notório. E para a minha surpresa, eu o conhecia. Levantei minha mão direita balançando-a, e mudei a expressão de meu rosto a fim de chamar atenção. Falhei. Tentei novamente com insistência. Seria muito vergonhoso que o homem passasse por mim sem notar-me as sinalizações. E então finalmente notou! para o meu alívio. Minha face sorriu educadamente e nos cumprimetamos sem sincronização - o que já era esperado de mim. E eu não tivera, a princípio, intenção de iniciar uma conversação, mas iniciou-se por iniciativa do outro homem. E que conversação vaga. Soava como uma medida desesperada de gerar assuntos. E por um momento me senti envergonhado, pois não conseguia semear as ideias as quais eram iniciadas por ele. Senti-me também como um obstáculo para a corrente humana que por ali passava. Sob aquelas circunstânceas o tempo parecia ter a velocidade reduzida, e minha atenção parecia se tornar mais discriminativa.

O conversador então alterou sua face repentinamente, virando-a para o lado com um ar de surpresa. Também virei a minha, com ar de dúvida, e então já não éramos mais dois, e sim quatro. Curiosamente, duas caras conhecidas se aproximavam bruscamente - uma de garota e outra de rapaz. Também estavam de passagem por aquelas calçadas tesas. Eu permaneci fitando a garota com um certo ar de demência, pois as informações chegaram rápidas e meu cérebro ainda tentava acompanhá-las. Processava-as. "Que surpresa", eu disse enquanto cumprimentava-os. Havia já muito tempo que não via os três, o que era uma grande coincidência sob circunstâncias corriqueiras. Ou talvez uma façanha do Destino. Este costuma nos fazer surpresas cujas intenções costumam passar despercebidas. Pergunto-me se essas tais intenções estavam miosteriosamente presentes naquela tarde.

Os assuntos conversados logo quebraram dando espaço a novos. Uma nova atmosfera surgia e me tornava alheio ao que era tratado. Mesmo assim, eu continuava doando-lhes minha atenção. Não entenda errado, isso não me incomodava, eu só não sabia se minha presença se fazia oportuna naquela ocasião. E o rumo daquela atmosfera parecia imutável, até o nome de uma certa Pessoa ser citado.

Citou-se um nome, e o pronunciador passou a me fitar por um momento como se aquela palavra não devesse ser proferida estando eu pelas proximidades. Um curto período de silêncio caiu sobre nós, e então minha amiga o quebrou ao tornar a falar sobre o tal Indivíduo, com uma certa empolgação, como se aproveitasse de uma oportunidade maliciosamente. Fiquei com ar de dúvida. Sua voz falava sem hesitação alguma, e seus olhos estavam antenados em mim. Por mais que não soe assim para qualquer outra pessoa, para mim soava como uma quebra de contexto. Seria uma tentativa de provocação?

O ambiente estabilizou-se ao que era normal e novos tópicos discorreram-se. Até que a garota puxou seu colega pelo braço afirmando estarem atrasados sabe-se lá para quê. Despedi-me com um "tchau" vago e discreto enquanto eles avançavam apressados. Agora éramos dois novamente ali, e estaríamos nos despedindo em breve também. O homem com quem eu me encontrara ressaltou que aquele encontro não haveria de acontecer sob normais circunstâncias. Concordei, e disse "é o Destino". E naquele momento, eu já não tinha mais dúvidas, era isso mesmo. Meu colega olhou para o relógio - o que já significava um adeus. Ele comentou alguma coisa sobre estar tarde e continuou seu trajeto. Permaneci olhando-o. Depois virei-me de volta para meu trajeto e mergulhei novamente no mar de robôs que me rodiava.

E enquanto eu caminhava em direção ao colégio, minha mente voltava no tempo. As pessoas as quais conheci Naquela Época: as pessoas que o Tempo deixou para trás, e, acima de tudo isso, pensava na Pessoa a qual Eu e o Tempo deixamos para trás por motivos óbvios. Se havia um motivo para o encontro daquela tarde, eu o sabia muito bem. E a tal intenção me torturaria de ali em diante, até que uma atitude fosse tomada. Até que eu aprendesse a criar novas lembranças.

domingo, 7 de outubro de 2012

When the wheels are not turning

Babe, do you feel the same way I do?
When our veins bring us in their blood
The dead facts which I insist to keep in mind?
Have you been paying attention to your blood lately?

We always call for the past ourselves
And pain is the only thing we get with it
What a weird way of getting satisfaction, right?
But it makes me aware of the hollows in my heart

And it's a sort of funny
Cause I fill my heart's hollows with void
And it's a totally brainless attitude
Cause I know that I'm going to get nothing
And it would make anyone paranoid

We always cry for our own will
And happiness is the last thing we wish
What a weird way of making sense, right?
But it comproves we are humans

Babe, do you ever feel this way?
When the wheels aren't turning either way
And past facts are your new retro life style
Have you been paying attention to your life lately?

domingo, 30 de setembro de 2012

Pilhérias

"Se você é meu amigo,
certamente não se zangará
Se você é meu amigo,
fará o papel de pateta mais uma vez.
Se você é maduro,
entenderá tudo como uma brincadeira
Se você é maduro,
conterá os maus ímpetos"

Foi o que disse você ao introduzir-me a seu prelúdio mortal.
E desculpe-me se eu vier a me comportar "inadequadamente",
mas eu cansei de vociferar meu silêncio.

Então vá em frente! companheiro,
e manifeste sua rude ignorância!
Vá em frente!
e me tome o orgulho que ainda me resta!

Pois para todos os efeitos,
meus protestos são tão notórios
quanto uma bula de remédio.
Bula de remédio para ignorância, eu diria.

E afinal de contas,
quem sou eu para contestar seu senso de humor irrefutável.
E quem sou eu para disputar a autoridade de voz
com esse motim de galinhas surdas e alteradas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cansou-se ele

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Puf, puf!

Noite caótica. Suo muito. Minha respiração está pesada. Já não é mais possível se tranquilizar aqui. Pois meu quarto está em chamas psicodélicas e meu corpo se agoniza mais e mais a cada segundo que se passa. É como se o inferno voltasse a me visitar depois de tantos anos de paz.

Sinto dores e desconfortos terríveis. E não importa a posição por mim tomada, nem o quanto eu lute para reconquistar meu estado de harmonia, é como estar sendo sufocado por dentro. Pois não há algo que possa ser feito, a não ser esperar a morte chegar rápida para salvar-me deste sufoco. Esta é tão cruel, mas tão cruel, que prefere assistir tudo de camarote, sem mover um dedo para me levar consigo.

De repente o cenário ao redor se transforma em um ambiente bem insano. Estou dentro de uma arte expressionista? Ou em uma cubista completamente aleatória? Não se sabe. Tudo passa rápido. Não há tempo para compreensões. Em um instantezinho várias cadeias de pensamento vão se formando e em seguida se destituindo, desfigurando os conceitos de coesão lógica.

Tanto já se passou, que o sofrimento de meu corpo mal se nota.

Eu aterrisso em um novo cenário, desta vez, um pouco mais racionalmente estabilizado. Aqui, há uma roda de pessoas adultas, em volta de uma mesa, cujos olhos se voltam a mim instantaneamente. Uma mulher de óculos e alguns homens os quais não possuem características notáveis. "Ele tem que decidir como o dinheiro será dividido entre nós", disse a mulher. Eu olho por cima de meus ombros. Sou a única pessoa deste lado. Viro-me a cabeça de volta. Todos me fitam. Nada mais é dito. Mas é só uma questão de tempo até tudo se distorcer novamente.

Todos se levantam e giram ao meu redor ordenando caoticamente que eu solucione uma partição de bens. Eu não quero fazer isso! Tampouco sei como se faz. Parem de me perseguir! Parem de requisitar-me algo que não me diz respeito! Tento fugir, mas essas cabeças falantes seguem-me voando. Espanco-as com tapas e cabeçadas. Tento espantá-las. Não dá certo. Abaixo-me, faço-me de concha e fecho os olhos. Aguento toda a dor. É minha última tentativa de fuga tomada pela razão. E nada. Nada mais acontece. Nada! Nada? Espere, o que eu acabei de dizer?

Eu acordo para a realidade ofegante. Meu corpo volta a sofrer. Estou de volta e não posso deitar a cabeça novamente, pois o caos fulminante de alguns segundos atrás está a minha espera. Portanto, levanto-me da cama rápido, pois ela é como um portal que me levará de volta àquelas cabeças. E isso é algo que não quero para mim.  Então vejo-me diante de uma questão irresolúvel: arder nestas chamas agonizantes ou ser perturbado por meus fantasmas caóticos novamente.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pós-morte

Chame-me de monstro. Tantas atrocidades cometidas às cegas e ainda assim tamanha impunidade que chega até a me humilhar. Como me permiti feri-lo? Não importa mais se foi sem querer ou não, o controle de meus sentimentos está sob minha responsabilidade. Pois ninguém tomará essa responsabilidade em meu lugar, ou tomará? No final das contas, eu não fui capaz de enxergar os cursos intolerantes que meu comportamento percorria.

Você estava sempre certo, e eu, errado. Embora eu compreendesse que minha conduta às vezes saía de meu controle, sempre que entrávamos em conflito, dentro da minha cabeça, você tinha uma parcela de culpa por todas aquelas brigas. Pois para mim, sua pessoa se exaltava à toa em meio a causas fúteis. Eu não estava me pondo no seu lugar o bastante para perceber o quão imaturas eram minhas atitudes... e nem do quanto você abriu mão para beijar meus lábios. Pois meus impulsos, típicos da Revolução Industrial, não me mantinham devidamente acordado.

Mas a despeito de todas essas verdades, havia algo no qual nós dois, igualmente, estávamos errados: eu não estava a frente de meu tempo. Trucida-me a alma lembrar de suas observações animadoras sobre mim. Lembrar do quão [aparentemente] perfeita era minha condição de ser humano. Minha pessoa não era o que nós dois esperávamos...

"Falar com você é como falar com alguém de 30 anos [...] Você é tão bonito por fora e por dentro..."


O nosso clube secreto é tão sem vida na sua ausência. Minha cama já não terá mais a oportunidade de quebrar ao carregar o peso de nossos dois corpos juntos. Isso pode ser engraçado para quem ouve de fora, mas profundamente intrínseco para mim. A partir d'agora, essa cama será meu caixão.

E mesmo após o passar de todas essas eras mal passadas durante as quais minha compreensão acerca dos fatos aprimorou-se, meu único exemplo de par perfeito é ninguém mais, ninguém menos que você. E a insistência de sua imagem em minha mente talvez seja minha punição. Mas ainda assim, estarei longamente em débito com você.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A falta

Eu sinto em mim algo angustiante
Pois um mau alojou-se em meu coração
Talvez minhas lágrimas estejam represadas
Pois estou em prantos, mas meus olhos não estão

Eu já fingi estar necessitado antes
Mas este sentimento é legítimo

Eu já tive um tesouro precioso antes
Mas por maldito descuido o perdi

Será que se de repente
O que me era tão importante voltasse
eu teria meu coração curado?

Pois conheci alguém importante no dia errado
E acho que talvez hoje teria sido o dia certo
Pois estou mais forte e mais necessitado

E sinto um vazio no coração
Porque sinto a falta de um sentimento
Um sentimento que só pode nascer
Se cultivado pela pessoa certa

sexta-feira, 23 de março de 2012

Ignorância?

Uma pessoa me chamou a atenção
Pois olhou-me usando óculos escuros
E eu contive-me apesar disso
Não é a primeira vez que isso ocorre

Eu não entendo se querem me desmoralizar
Ou se querem se divertir
Eu não sei se posso classificar como ignorância
Ou tratar isso como um bom argumento

Talvez eu esteja mais amigável
Mas isso é um mistério
Talvez você possa me decepcionar
Mas isso é um mistério
Talvez eu aja dedilhadamente
Mas isso é um mistério

Em uma época não tão remota
Acabei não me saindo bem
Talvez estejam se baseando em meus podres
Talvez eu não seja a vítima ignorada

Apesar disso não quero admitir
Que ajam como se me conhecessem
Quando na realidade
Desconhecem meu potencial

Talvez nossa amizade dure
Mas isso é um mistério
Talvez eu seja uma bomba
Mas isso é um mistério
Talvez eu esteja chateado
Mas isso é um mistério

Entenda que não tem como saber
O tipo de pessoa que eu sou
Baseando-se na pessoa que fui
E em vagas informações sobre mim

E por mais difícil que possa vir-a-ser
Eu virarei às costas a esse desconforto

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Revolução do século XXI

Uma decisão que roda na mão de uma minoria
Noventa e nove por cento é só o resto,
nós não contamos

Expressão, arte e acessibilidade
Quem se importa?
Ninguém precisa disso mesmo

Vamos só assistir a informação nos deixando
Atrás de várias portas que muitos não serão capazes de abrir

Não me entenda mal,
a cultura não morrerá
A cultura só adormecerá
E sabe-se lá aqueles que serão capazes de despertá-la

Entretenimento, informação e acessibilidade
Quem se importa?
Ninguém precisa disso mesmo

Vamos só nos render à Revolução
Já que humanos do século passado conseguiram a fórmula do século posterior

Eu falo e eu grito
Minha boca fala e é por isso eu tenho voz
Isso já é o suficiente
Pois eu posso transmitir informação oralmente

Se eu não tiver alguém com quem debater,
eu posso falar com o espelho
Se eu não tiver alguém para me escutar,
eu posso guardar meus sentimentos só para mim

Ninguém precisa ser escutado mesmo
Ninguém precisa crescer mesmo