quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Olhos antropofágicos

Lá me vem aquela fome obstinada novamente
Dominando-me os olhos
Preenchendo-me de vontades canibalescas
Tingem-se-me os globos oculares de vermelho

À minha frente, alvos isolados e desatentos
Mal têm conhecimento do advento da morte
Que discretamente os abate um por um
E o cheiro ferruginoso de sangue
Vai tornando-se mais evidente de instante a instante

Carnificina

Os corpos caem aos meus pés,
O sangue tinge-me as presas inconvencionais
Os protestos atrasados são abafados pelo assassínio
E agora não restam resquícios de sanidade no ar

Carne, carne, carne, carne, carne

Meus olhos não têm boca
Mas mordiscam a carne abatida
Saboreando cada mililitro de sangue
E cada milímetro de pele

E, não saciados os desejos,
As imagens dos corpos fixam-se à minha mente
Para serem usadas, mais tarde,
Em meu ritual de saciação final
E de auto-destruição parcial

Levanto-me e enxugo o sangue o qual me tinge a roupa
Lentamente

Andando por cima dos corpos,
Minha face indiferente disfarça o assassínio
E meus olhos adormecem temporariamente
Esperando o momento em que sua fúria se libertará novamente
E rasgará novos
"Filhos do carbono e do amoníaco"

domingo, 21 de outubro de 2012

†REQUIEM†

I wonder how have you been
Since our last time together
It's been a long long while
And I still can't comprehend how some things go

It's always dark in here...
Hear footsteps on the ground,
But in fact, there's no one around
I can't stand up from the floor either
Cause my "body" doesn't move
No matter how hard I try to do it
(Even don't know if it can be called a body after all)

My existence doesn't exist anymore
Or it does?

I'm stuck in the matter
But hope you aren't
Hope you can fly away to another dimension
Instead of being stuck in the earth as I am

You don't deserve having your heart covered by shadows
So I make it more clear:
Hope you aren't thinking of me,
Cause if you are, will not be allowed to "leave"
(It would be too unfair if you were in the darkness for my fault)

Now, I don't have any sense of time no more
And wonder so bad how you are
Because only if you are fine,
I'll be able to sleep in peace
FOREVER

domingo, 14 de outubro de 2012

A Tarde

Naquela tarde de segunda, aparentemente igual a todas as tardes, lá estava eu caminhando sobre as mesmas calçadas indiferentes de Nowherescity e entre os vultos humanos que se deslocavam às suas designações pré-programadas. E eu provavelmente não era uma exceção ali, embora eu estivesse alterado os horários exatos que me haviam sido programados.

No meio daquela multidão desfacelada, notei um rosto apressado que se deslocava descompassadamente com o resto da legião. Era como um humano rodeado por manequins. Notório. E para a minha surpresa, eu o conhecia. Levantei minha mão direita balançando-a, e mudei a expressão de meu rosto a fim de chamar atenção. Falhei. Tentei novamente com insistência. Seria muito vergonhoso que o homem passasse por mim sem notar-me as sinalizações. E então finalmente notou! para o meu alívio. Minha face sorriu educadamente e nos cumprimetamos sem sincronização - o que já era esperado de mim. E eu não tivera, a princípio, intenção de iniciar uma conversação, mas iniciou-se por iniciativa do outro homem. E que conversação vaga. Soava como uma medida desesperada de gerar assuntos. E por um momento me senti envergonhado, pois não conseguia semear as ideias as quais eram iniciadas por ele. Senti-me também como um obstáculo para a corrente humana que por ali passava. Sob aquelas circunstânceas o tempo parecia ter a velocidade reduzida, e minha atenção parecia se tornar mais discriminativa.

O conversador então alterou sua face repentinamente, virando-a para o lado com um ar de surpresa. Também virei a minha, com ar de dúvida, e então já não éramos mais dois, e sim quatro. Curiosamente, duas caras conhecidas se aproximavam bruscamente - uma de garota e outra de rapaz. Também estavam de passagem por aquelas calçadas tesas. Eu permaneci fitando a garota com um certo ar de demência, pois as informações chegaram rápidas e meu cérebro ainda tentava acompanhá-las. Processava-as. "Que surpresa", eu disse enquanto cumprimentava-os. Havia já muito tempo que não via os três, o que era uma grande coincidência sob circunstâncias corriqueiras. Ou talvez uma façanha do Destino. Este costuma nos fazer surpresas cujas intenções costumam passar despercebidas. Pergunto-me se essas tais intenções estavam miosteriosamente presentes naquela tarde.

Os assuntos conversados logo quebraram dando espaço a novos. Uma nova atmosfera surgia e me tornava alheio ao que era tratado. Mesmo assim, eu continuava doando-lhes minha atenção. Não entenda errado, isso não me incomodava, eu só não sabia se minha presença se fazia oportuna naquela ocasião. E o rumo daquela atmosfera parecia imutável, até o nome de uma certa Pessoa ser citado.

Citou-se um nome, e o pronunciador passou a me fitar por um momento como se aquela palavra não devesse ser proferida estando eu pelas proximidades. Um curto período de silêncio caiu sobre nós, e então minha amiga o quebrou ao tornar a falar sobre o tal Indivíduo, com uma certa empolgação, como se aproveitasse de uma oportunidade maliciosamente. Fiquei com ar de dúvida. Sua voz falava sem hesitação alguma, e seus olhos estavam antenados em mim. Por mais que não soe assim para qualquer outra pessoa, para mim soava como uma quebra de contexto. Seria uma tentativa de provocação?

O ambiente estabilizou-se ao que era normal e novos tópicos discorreram-se. Até que a garota puxou seu colega pelo braço afirmando estarem atrasados sabe-se lá para quê. Despedi-me com um "tchau" vago e discreto enquanto eles avançavam apressados. Agora éramos dois novamente ali, e estaríamos nos despedindo em breve também. O homem com quem eu me encontrara ressaltou que aquele encontro não haveria de acontecer sob normais circunstâncias. Concordei, e disse "é o Destino". E naquele momento, eu já não tinha mais dúvidas, era isso mesmo. Meu colega olhou para o relógio - o que já significava um adeus. Ele comentou alguma coisa sobre estar tarde e continuou seu trajeto. Permaneci olhando-o. Depois virei-me de volta para meu trajeto e mergulhei novamente no mar de robôs que me rodiava.

E enquanto eu caminhava em direção ao colégio, minha mente voltava no tempo. As pessoas as quais conheci Naquela Época: as pessoas que o Tempo deixou para trás, e, acima de tudo isso, pensava na Pessoa a qual Eu e o Tempo deixamos para trás por motivos óbvios. Se havia um motivo para o encontro daquela tarde, eu o sabia muito bem. E a tal intenção me torturaria de ali em diante, até que uma atitude fosse tomada. Até que eu aprendesse a criar novas lembranças.

domingo, 7 de outubro de 2012

When the wheels are not turning

Babe, do you feel the same way I do?
When our veins bring us in their blood
The dead facts which I insist to keep in mind?
Have you been paying attention to your blood lately?

We always call for the past ourselves
And pain is the only thing we get with it
What a weird way of getting satisfaction, right?
But it makes me aware of the hollows in my heart

And it's a sort of funny
Cause I fill my heart's hollows with void
And it's a totally brainless attitude
Cause I know that I'm going to get nothing
And it would make anyone paranoid

We always cry for our own will
And happiness is the last thing we wish
What a weird way of making sense, right?
But it comproves we are humans

Babe, do you ever feel this way?
When the wheels aren't turning either way
And past facts are your new retro life style
Have you been paying attention to your life lately?