segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Malditas irreverências do além

Cansei de ter seu dedo apontado para meu nariz,
dizendo-me coisas que não fazem sentido
Talvez eu tenha batido minha cabeça e perdido a memória,
pois não lembro dessas irrelevâncias que você tanto releva

Faça uma entrevista a todas as vítimas de meus ataques invisíveis
e talvez eu possa me convencer de meu terrorismo na sua tribo

Você me fez parecer um estranho perto dos outros,
pois realmente fez-me sentir culpado por alguma coisa
E agora minha mente está comprometida e tagarela,
pois relacionamentos metralham minha cabeça a toda hora

Ponha os inconformados em minha frente
e vamos ver quem aponta o dedo no final

sábado, 26 de novembro de 2011

Imperceptível

A aparência está sempre escondendo a verdade
Mas você quer tirar a maquiagem do rosto

Você é um rebelde,
impondo-se ao que os olhos veem
Você não acha que está querendo demais?

Você sabe,
somos escravos do mundo que criamos
Podemos nevagar sobre todo o oceano,
mas nunca navegaremos sobre o metafísico

E naquela noite padrão (escura, como de costume)
você correu pela rua
Gritando e berrando pelo que tanto busca

Você nunca foi bom em esconde-esconde
e ele se escondeu nas sombras
Você nunca foi bom em pega-pega
e ele escapou feito dinheiro que cai da mão de um consumista

A verdade é tão feia assim?
Para exigir esse exagero de maquiagem
Para exigir esse exagero de imagem
Já a mentira é tão bonita, divertida e tentadora

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tudo que alguém gostaria de ter

Milhares de seguidores,
não adianta me questionar.
Castelos e mais castelos,
terras e mais terras que eu não poderia sequer imaginá-las.
Seu prato é de ouro
e seus talheres são de cristal.

Você sempre vem com o discurso que nossos reinos são iguais.
Você sempre vem com seu sorriso irritante de quem não quer mais algo.
Não me faça rir.

Três ou quatro seguidores,
não lembro, acho que Juvêncio morreu na semana passada.
Meu castelo é de feno,
em uma terra minúscula.
Meu prato é de barro
e meus talheres alguém roubou.

Você sempre se dará bem onde quer que você esteja.
Seu sorriso é o sorriso de todo mundo, menos o meu.
Você acha que me faz rir quando estou perto de você,
não faz.

Deus não lhe concedeu recursos fantásticos,
então por quê?
Crescemos com os mesmos recursos,
então por quê?

Meu reino, eu queimei várias vezes.
Meus seguidores, eles fogem com medo de minha loucura compulsiva.
Meu calabouço, o único que já entrou lá fui eu.

Não venha me oferecer a mão ou eu a entorto.
Não venha me oferecer abrigo ou eu o queimo.
Não venha me oferecer presentes ou eu os quebro.
Não venha me oferecer prazer ou eu recuso.
Não venha me oferecer lições de vida ou eu me transformo.
Não venha tentar me fazer sorrir mais.

sábado, 8 de outubro de 2011

Ritual

Ele não sabe, mas ele é só mais um dos 1000
que eu acusei de ter roubado meu coração
Ele não sabe, mas ele é só mais um dos 999
que eu me equivoquei ao dizer que era minha paixão

Sim, eu sei: quartzo rosa não falta na dispensa
E, sim, também sei: estou tentando produzir sentimentos em vão

Todos sabem que sou só mais um dos muitos solitários
que antes de dormir arquiteta histórias de amor
Histórias bonitas, impráticas e surreais,
que para os outros não tem algum valor

Sim, eu sei: horóscopos não faltam nas revistas
E, sim, também sei: estou fodendo com meu senso de lógica

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Frivologia"

Reze para seu deus
Coloque seus brincos de ouro
Compre o vestido mais caro
Vá ao bar e beba até não saber mais qual é a sua idade mental
Use drogas e faça seu cérebro acreditar que está tudo bem

Você pede às paredes uma chuva quente
Suas orelhas portam lustres sem luz
Seu vestido é tecido por estômagos vazios
A doença mental que você adquiriu no bar não durará o ano inteiro
As drogas não vão lhe abraçar quando a noite chegar

Parece que o que você viu na TV não lhe ajudou tanto assim
Parece que os artifícios que seus amigos o aconselharam não são tão bons assim
Parece que suas saídas não são tão boas assim...

sábado, 24 de setembro de 2011

Tarde demais

Você apareceu pela primeira vez como um estranho
Ainda era cedo, eu sei, mas ainda sim:
tudo era estranho

Você desaparecia e reaparecia no meu chão
Não que isso tenha sido um agravante, mas nunca lhe tive comigo de verdade
Vê? Estou tentando ser um pouco alternativo
Nunca parece que estamos perto um do outro o bastante

Meu coração chora porque não posso lhe salvar
Meu coração sente um aperto porque não posso lhe salvar da solidão
Meu coração sofre porque não tem como eu retribuir um amor...
que você nunca me deu...
que eu nem conheço...

Você nunca foi alguém que eu desejei que fosse
Você não é alguém que eu deseje que seja
Você não será alguém que eu deseje ter

É tarde demais...

domingo, 28 de agosto de 2011

Tetris

Já estive na mesma que você
Dentro de uma caixa apertada
que me impedia de crescer
E todas essas espadas furando a caixa,
fazendo furos n'Um corpo lamacento

Eu entendo perfeitamente:
um sorriso forçado pelo orgulho
Eu entendo perfeitamente:
mudando de forma, tentando se encaixar

Mas você já esteve há tempo demais
Perdeu tempo demais...

Sim, eu sei, é difícil
Você deixou cair muitos ponteiros, e isso é algo difícil de recuperar

Mas ao menos saiba que:
não existe realidade que não possa ser mudada

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Degeneração

Vejo fumaça,
mas não há fogo
Sinto meu corpo gelado,
mas não está nevando

Isso é de poluir o ar em minha volta
Isso é de congelar a alma

Dedos estão sangrando
Fios de cabelo estão caindo
Unhas cravadas nas paredes deste cubículo

O som nostálgico de um ventilador que gira
A sensação nostálgica de um vento que penetra o coração

Minha alma está congelada
Meu pulmão está desgastado
- nem todo cigarro do mundo faria pior -

Vejo luzes,
mas não apontadas para mim
Sinto rabiscos,
mas são em minha assinatura

[COELHO]

Se eu quiser: posso fazer da caneta uma lança
posso fazer do gilete uma arma
posso fazer da coca uma bomba

Se eu pudesse: desligaria o fio da tomada
obstruiria o cabo da tomada
queimaria o aparelho

Mas simplesmente não posso:
desenroscar a perna sem a deixar para trás
Mas simplesmente não posso:
Levar meu coração junto e apagar as pegadas que deixei

sábado, 20 de agosto de 2011

Superpopulation

Gira, gira, um mundo torto
Gira, gira, um ovo azul

Vamos comer beirutes, sim, vamos gastar nosso dinheiro com beirutes

Inspira
Expira
É só uma noite a mais
A noite dos super-heróis inúteis

Vejo gente com super poderes ao meu redor
Vejo super poderes que ajudam ninguém

Mastigando a carne
"Quero gritar"
Engolindo o suquinho
"Quero fechar os olhos"
Comentando a vida alheia
"Não quero acreditar"

Estou vendo coisas?
Esses fantasmas em toda parte
Em toda parte estão
Não dá para evitá-los

E se eu fechar os olhos?
E se eu enfiar o garfo em meus olhos?

Eu tenho um poder também
Eu sei que tenho
Está dentro de mim
Algo quer sair
Não pode sempre ser assim

Os super heróis são feitos de super poderes
Contudo
Os super poderes são feitos de super heróis

E o tempo acaba

Vamos voltar para casa de carro, sim, vamos gastar nosso dinheiro com combustível

Volta a girar: um ovo azul
Volta a girar: um mundo torto

sábado, 13 de agosto de 2011

Indolência

Esta sala está quente
Esta sala está queimando
Tire toda esta gente
Que comigo estão chorando

A outra sala está fria
A outra sala tem ar-condicionado
Cem metros eu percorreria
Se não valorizasse a apatia

Eles me falam os corredores
Eu finjo que não escuto
Meu corpo sente dores
Dói quando eu cutuco

Um segundo a mais e eu vomito
Um rabisco a mais e eu me irrito

Esta sala está quente, a outra sala está fria
Já não sei o que fazer com toda esta apatia

sábado, 6 de agosto de 2011

Antípoda

Eu sou uma caveira, você é uma coroa
Você é uma coroa, eu sou uma caveira
Eu sou o veneno, você é o antídoto
Você é o antídoto, eu sou o veneno

Eu sou um traidor
Eu sou um traidor

Traidores merecem ser traídos
E mentirosos merecem cair na mentira de outros mentirosos

Você é um rei mascarado
Você é um rei mascarado

Dissimuladores merecem se cortar com os cacos da própria máscara
E seres luminosos merecem distar de seres umbráticos