Sinto cheiro de putrefação
Advindo daqueles que escolheram o ócio.
Sinto um cheiro ferruginoso
Advindo daqueles que escolheram a batalha.
E, advindo de mim,
Já não sei mais se sinto um odor podre
Ou se sinto um odor de sangue.
Ou ainda, mais provável,
Se estou exalando os dois ao mesmo tempo.
Admito: meu cérebro é praticamente putrefato.
Carcomido pelas máquinas enferrujadas,
Esse órgão não desempenha mais suas funções
Como as desempenhava antigamente.
Essa víscera, em seu declínio mais sombrio,
Encontra formas de manter-se viva
Em enganando a morte através de meros truques.
(Ou fingindo ser sã ocasionalmente.)
E apesar de seu estado miserável,
Tem nojo de estar em ambientes
Os quais são exclusivamente habitados por elementos similares
Porém mais decadentes.
E isso se deve ao simples de fato
De que esse mau administrador de raciocínios ainda possui um sólido ego.
O mesmo que o corroeu várias e, ainda assim,
O mesmo que o faz ter repugnância daquilo ao qual foi rebaixado.
Quanto ao odor de sangue exalado próximo a meu corpo,
Pode não passar de ferimentos de uma auto-tortura
Oriunda de meus mais imundos e controversos pensamentos.
Além do assombroso saudosismo que me assola a alma.
Quem dera pudesse eu dizer que esses ferimentos
Vêm de batalhas travadas pela vida
E não de individualistas e inúteis batalhas travadas
Em prol da estabilidade de minha própria alma.
E talvez parcialmente o tenha sido!
Talvez realmente ainda reste aquela substância líquida
Oriunda de uma labuta digna de orgulho.
Mas será que essa substância se trataria de sangue fresco?
Só sei do advento de um novo período
O qual traz arrepios àqueles que veem um futuro incerto,
E que definitivamente não traz arrepios
Àqueles que sentem cheiro de sangue
Advindo deles próprios.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
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