Naquela tarde de segunda, aparentemente igual a todas as tardes, lá estava eu caminhando sobre as mesmas calçadas indiferentes de Nowherescity e entre os vultos humanos que se deslocavam às suas designações pré-programadas. E eu provavelmente não era uma exceção ali, embora eu estivesse alterado os horários exatos que me haviam sido programados.
No meio daquela multidão desfacelada, notei um rosto apressado que se deslocava descompassadamente com o resto da legião. Era como um humano rodeado por manequins. Notório. E para a minha surpresa, eu o conhecia. Levantei minha mão direita balançando-a, e mudei a expressão de meu rosto a fim de chamar atenção. Falhei. Tentei novamente com insistência. Seria muito vergonhoso que o homem passasse por mim sem notar-me as sinalizações. E então finalmente notou! para o meu alívio. Minha face sorriu educadamente e nos cumprimetamos sem sincronização - o que já era esperado de mim. E eu não tivera, a princípio, intenção de iniciar uma conversação, mas iniciou-se por iniciativa do outro homem. E que conversação vaga. Soava como uma medida desesperada de gerar assuntos. E por um momento me senti envergonhado, pois não conseguia semear as ideias as quais eram iniciadas por ele. Senti-me também como um obstáculo para a corrente humana que por ali passava. Sob aquelas circunstânceas o tempo parecia ter a velocidade reduzida, e minha atenção parecia se tornar mais discriminativa.
O conversador então alterou sua face repentinamente, virando-a para o lado com um ar de surpresa. Também virei a minha, com ar de dúvida, e então já não éramos mais dois, e sim quatro. Curiosamente, duas caras conhecidas se aproximavam bruscamente - uma de garota e outra de rapaz. Também estavam de passagem por aquelas calçadas tesas. Eu permaneci fitando a garota com um certo ar de demência, pois as informações chegaram rápidas e meu cérebro ainda tentava acompanhá-las. Processava-as. "Que surpresa", eu disse enquanto cumprimentava-os. Havia já muito tempo que não via os três, o que era uma grande coincidência sob circunstâncias corriqueiras. Ou talvez uma façanha do Destino. Este costuma nos fazer surpresas cujas intenções costumam passar despercebidas. Pergunto-me se essas tais intenções estavam miosteriosamente presentes naquela tarde.
Os assuntos conversados logo quebraram dando espaço a novos. Uma nova atmosfera surgia e me tornava alheio ao que era tratado. Mesmo assim, eu continuava doando-lhes minha atenção. Não entenda errado, isso não me incomodava, eu só não sabia se minha presença se fazia oportuna naquela ocasião. E o rumo daquela atmosfera parecia imutável, até o nome de uma certa Pessoa ser citado.
Citou-se um nome, e o pronunciador passou a me fitar por um momento como se aquela palavra não devesse ser proferida estando eu pelas proximidades. Um curto período de silêncio caiu sobre nós, e então minha amiga o quebrou ao tornar a falar sobre o tal Indivíduo, com uma certa empolgação, como se aproveitasse de uma oportunidade maliciosamente. Fiquei com ar de dúvida. Sua voz falava sem hesitação alguma, e seus olhos estavam antenados em mim. Por mais que não soe assim para qualquer outra pessoa, para mim soava como uma quebra de contexto. Seria uma tentativa de provocação?
O ambiente estabilizou-se ao que era normal e novos tópicos discorreram-se. Até que a garota puxou seu colega pelo braço afirmando estarem atrasados sabe-se lá para quê. Despedi-me com um "tchau" vago e discreto enquanto eles avançavam apressados. Agora éramos dois novamente ali, e estaríamos nos despedindo em breve também. O homem com quem eu me encontrara ressaltou que aquele encontro não haveria de acontecer sob normais circunstâncias. Concordei, e disse "é o Destino". E naquele momento, eu já não tinha mais dúvidas, era isso mesmo. Meu colega olhou para o relógio - o que já significava um adeus. Ele comentou alguma coisa sobre estar tarde e continuou seu trajeto. Permaneci olhando-o. Depois virei-me de volta para meu trajeto e mergulhei novamente no mar de robôs que me rodiava.
E enquanto eu caminhava em direção ao colégio, minha mente voltava no tempo. As pessoas as quais conheci Naquela Época: as pessoas que o Tempo deixou para trás, e, acima de tudo isso, pensava na Pessoa a qual Eu e o Tempo deixamos para trás por motivos óbvios. Se havia um motivo para o encontro daquela tarde, eu o sabia muito bem. E a tal intenção me torturaria de ali em diante, até que uma atitude fosse tomada. Até que eu aprendesse a criar novas lembranças.
Os assuntos conversados logo quebraram dando espaço a novos. Uma nova atmosfera surgia e me tornava alheio ao que era tratado. Mesmo assim, eu continuava doando-lhes minha atenção. Não entenda errado, isso não me incomodava, eu só não sabia se minha presença se fazia oportuna naquela ocasião. E o rumo daquela atmosfera parecia imutável, até o nome de uma certa Pessoa ser citado.
Citou-se um nome, e o pronunciador passou a me fitar por um momento como se aquela palavra não devesse ser proferida estando eu pelas proximidades. Um curto período de silêncio caiu sobre nós, e então minha amiga o quebrou ao tornar a falar sobre o tal Indivíduo, com uma certa empolgação, como se aproveitasse de uma oportunidade maliciosamente. Fiquei com ar de dúvida. Sua voz falava sem hesitação alguma, e seus olhos estavam antenados em mim. Por mais que não soe assim para qualquer outra pessoa, para mim soava como uma quebra de contexto. Seria uma tentativa de provocação?
O ambiente estabilizou-se ao que era normal e novos tópicos discorreram-se. Até que a garota puxou seu colega pelo braço afirmando estarem atrasados sabe-se lá para quê. Despedi-me com um "tchau" vago e discreto enquanto eles avançavam apressados. Agora éramos dois novamente ali, e estaríamos nos despedindo em breve também. O homem com quem eu me encontrara ressaltou que aquele encontro não haveria de acontecer sob normais circunstâncias. Concordei, e disse "é o Destino". E naquele momento, eu já não tinha mais dúvidas, era isso mesmo. Meu colega olhou para o relógio - o que já significava um adeus. Ele comentou alguma coisa sobre estar tarde e continuou seu trajeto. Permaneci olhando-o. Depois virei-me de volta para meu trajeto e mergulhei novamente no mar de robôs que me rodiava.
E enquanto eu caminhava em direção ao colégio, minha mente voltava no tempo. As pessoas as quais conheci Naquela Época: as pessoas que o Tempo deixou para trás, e, acima de tudo isso, pensava na Pessoa a qual Eu e o Tempo deixamos para trás por motivos óbvios. Se havia um motivo para o encontro daquela tarde, eu o sabia muito bem. E a tal intenção me torturaria de ali em diante, até que uma atitude fosse tomada. Até que eu aprendesse a criar novas lembranças.
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