Lá me vem aquela fome obstinada novamente
Dominando-me os olhos
Preenchendo-me de vontades canibalescas
Tingem-se-me os globos oculares de vermelho
À minha frente, alvos isolados e desatentos
Mal têm conhecimento do advento da morte
Que discretamente os abate um por um
E o cheiro ferruginoso de sangue
Vai tornando-se mais evidente de instante a instante
Carnificina
Os corpos caem aos meus pés,
O sangue tinge-me as presas inconvencionais
Os protestos atrasados são abafados pelo assassínio
E agora não restam resquícios de sanidade no ar
Carne, carne, carne, carne, carne
Meus olhos não têm boca
Mas mordiscam a carne abatida
Saboreando cada mililitro de sangue
E cada milímetro de pele
E, não saciados os desejos,
As imagens dos corpos fixam-se à minha mente
Para serem usadas, mais tarde,
Em meu ritual de saciação final
E de auto-destruição parcial
Levanto-me e enxugo o sangue o qual me tinge a roupa
Lentamente
Andando por cima dos corpos,
Minha face indiferente disfarça o assassínio
E meus olhos adormecem temporariamente
Esperando o momento em que sua fúria se libertará novamente
E rasgará novos
"Filhos do carbono e do amoníaco"
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
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