sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Puf, puf!

Noite caótica. Suo muito. Minha respiração está pesada. Já não é mais possível se tranquilizar aqui. Pois meu quarto está em chamas psicodélicas e meu corpo se agoniza mais e mais a cada segundo que se passa. É como se o inferno voltasse a me visitar depois de tantos anos de paz.

Sinto dores e desconfortos terríveis. E não importa a posição por mim tomada, nem o quanto eu lute para reconquistar meu estado de harmonia, é como estar sendo sufocado por dentro. Pois não há algo que possa ser feito, a não ser esperar a morte chegar rápida para salvar-me deste sufoco. Esta é tão cruel, mas tão cruel, que prefere assistir tudo de camarote, sem mover um dedo para me levar consigo.

De repente o cenário ao redor se transforma em um ambiente bem insano. Estou dentro de uma arte expressionista? Ou em uma cubista completamente aleatória? Não se sabe. Tudo passa rápido. Não há tempo para compreensões. Em um instantezinho várias cadeias de pensamento vão se formando e em seguida se destituindo, desfigurando os conceitos de coesão lógica.

Tanto já se passou, que o sofrimento de meu corpo mal se nota.

Eu aterrisso em um novo cenário, desta vez, um pouco mais racionalmente estabilizado. Aqui, há uma roda de pessoas adultas, em volta de uma mesa, cujos olhos se voltam a mim instantaneamente. Uma mulher de óculos e alguns homens os quais não possuem características notáveis. "Ele tem que decidir como o dinheiro será dividido entre nós", disse a mulher. Eu olho por cima de meus ombros. Sou a única pessoa deste lado. Viro-me a cabeça de volta. Todos me fitam. Nada mais é dito. Mas é só uma questão de tempo até tudo se distorcer novamente.

Todos se levantam e giram ao meu redor ordenando caoticamente que eu solucione uma partição de bens. Eu não quero fazer isso! Tampouco sei como se faz. Parem de me perseguir! Parem de requisitar-me algo que não me diz respeito! Tento fugir, mas essas cabeças falantes seguem-me voando. Espanco-as com tapas e cabeçadas. Tento espantá-las. Não dá certo. Abaixo-me, faço-me de concha e fecho os olhos. Aguento toda a dor. É minha última tentativa de fuga tomada pela razão. E nada. Nada mais acontece. Nada! Nada? Espere, o que eu acabei de dizer?

Eu acordo para a realidade ofegante. Meu corpo volta a sofrer. Estou de volta e não posso deitar a cabeça novamente, pois o caos fulminante de alguns segundos atrás está a minha espera. Portanto, levanto-me da cama rápido, pois ela é como um portal que me levará de volta àquelas cabeças. E isso é algo que não quero para mim.  Então vejo-me diante de uma questão irresolúvel: arder nestas chamas agonizantes ou ser perturbado por meus fantasmas caóticos novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário