Sou filho da contradição,
Sou filho da espontaneidade,
Sou irmão da criminalidade
E, acima de tudo, sou amigo de tijolos.
Eu precisava de fugir
E eu não podia contar com meus aliados,
Já que eu não devia fazer mais cúmplices.
Não podia envolver mais pessoas indiretamente em meus atos.
Familiarizado com as ruas deste vasto mundo,
Procurei por um abrigo em terras distantes,
A fim de que eu me tornasse uma lenda para mim mesmo,
A fim de me tornar um agente duplo de minha própria mente.
Assim o fiz, buscando um lar que se situasse
Longe de meus umbrais e longe das outras civilizações.
Encontrei uma espécie de reino sob a pressão do trovejar de um céu furioso.
E, se eu bati em portas, então era realmente importante.
A caveira pôde enfim descansar.
Pôde enfim fingir estar bem
E, por fim, sentir-se realmente bem.
Embora soubesse de que suas feridas estavam fechadas por tempo determinado.
"Qual o preço de tal conforto"?
Abandono da indolência decerto.
Eu já disse que sou filho da contradição?
Se eu o disse e se você compreendeu minhas antigas rimas,
Então certamente deve estar questionando
A fidelidade lógica deste texto.
Pois bem. Quem diria que a minha mente estava tão afoita
E tão motivada a ponto de desafiar-lhe a própria natureza.
A ponto de labutar pelo avanço daquelas terras.
A ponto de estar sempre batendo em portas.
Eu estava progredindo.
"Então por que parar?"
A espontaneidade me desviou o caminho?
Eu a posso culpar por isso?
Busca por prestígio social.
Domínios e domínios de um reino situado no infinito.
Ascensão do trabalho em prol da ascensão social.
Blocos por blocos feitos de fluidos intelectuais.
No final das contas,
Aquela labuta só me tornou
Amigo dos tijolos daquele reino implacável.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
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